Colaborões.

Hoje nosso Colaborão é um dos caras mais nômades que eu conheço. Defensor de umas 89 festas de despedida, umas 46 festas de chegada e umas 38 festas de aniversário (rs), Saimon (não, não é parente do Sarion, o colaborão que já apareceu por aqui) conta a história da formatura em Portugal. Posso resumir, muitos dias de bebedeira e muita festa nas ruas portuguesas. Valeu Saimon pela sua história alcoolica! E você Viajão que quiser contar aquela história marota da sua viagem, mande pra gente no souviajao@gmail.com, vamos rir um pouco de você.

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Descrever a Queima das Fitas em poucas linhas não é fácil. A maior festa dos estudantes de Portugal e, talvez, uma das maiores do mundo. Litros e litros de cerveja bebidos, jogados nos amigos e jogados fora.
Diferente do Brasil, em Portugal os estudantes não costumam fazer um baile de formatura ou uma colação de grau. A única festa oficial que nos torna “doutores” e que nos “apresenta” a sociedade é a Queima das Fitas. Tive o prazer de participar das últimas quatro, sendo que a de 2009 foi a mais especial, pois foi a minha. ?São 10 dias de festa, começando pela quinta-feira, com a noite da serenata. A serenata é algo indescritível, cerca de 15mil estudantes amontoados ao redor da Catedral, chamada de Sé velha.

Ali, uma tuna (grupo de fado formado por estudantes) canta o tradicional Fado e emocionam a todos os estudantes que estão a volta. Os graduandos são tocados mais a fundo, sendo que muitos choram neste momento tão especial (eu me matei de chorar, enquanto falava com meus pais ao telefone. Haha).
O que omiti anteriormente é que, todos os estudantes, antes de irem para a Sé Velha, se reúnem nos vários restaurantes espalhados pela cidade, para fazerem os tradicionais jantares de curso (em jornalismo, reuníamos aproximadamente 100 pessoas por jantar) regados a vinho e cerveja. Os 10 euros (no máximo) mais bem pagos da sua vida, acreditem! Depois de embebedar-nos, nos dirigimos a serenata, que começa a meia-noite. O Silêncio e o respeito é uma coisa incrível, principalmente pela quantidade de jovens embriagados. Hehe. Após a serenata, os mais corajosos e menos bêbados, seguem para os convívios, que são realizados nos arredores das faculdades (ou mesmo embaixo do prédio da faculdade de química).

Na noite de sexta-feira começam os shows, que são realizados no recinto (local específico para o acontecimento do evento). Uma mega estrutura, onde acompanhamos shows de grandes artistas.  No espaço, você pode comprar “packs” de finos (cerveja), são 6 finos por 5 euros. Tem também as barracas de comida e de shots. São dois palcos, no principal acontecem os grandes shows, e no secundário, bandas locais e Dj’s da rádio universitária se apresentam.  São 8 noites de shows ao todo.

O dia mais especial é o Domingo, onde colocamos nosso traje típico (que alguns estrangeiros comparam ao traje de Harry Potter) e vamos para as ruas, como se não houvesse amanhã. Inspirados, acordamos ao meio-dia (depois de uma noite anterior também regada a muita festa e “álcool”) e vamos encontrar os amigos, cada qual em frente a sua respectiva faculdade. Eu, como estudante de jornalismo, encontrava a todos em frente à faculdade de letras. Já ali conhecíamos o nosso “carro” (o que iríamos seguir) e começávamos a confraternizar com os nossos amigos. Os carros participam de um sorteio e através dele, sabemos a que horas vamos sair. O cortejo começa, mas nós temos de ficar aguardando, sofrendo, bebendo alguns litros de cerveja. hehe
Não querendo entrar em ainda mais detalhes, as faculdades têm uma ordem de importância, começando pela de medicina. O desfile de cerca de 90 carros, começa por volta das 14h. – Quando nosso desfile começa, já estamos todos bem alegres e vamos seguindo um carro decorado com “flores de papel crepom”, que remetem a algo do curso. Os carros muitas vezes têm nomes obscenos e formatos também. O mais criativo é premiado no final do cortejo.

Formado por um corredor de pais, todos orgulhosos, eles assistem aos seus filhos passeando pela cidade, orgulhosos de estarem chegando ao final do seu curso e, em sua maioria, bastante bêbados. (Muitos dos estudantes esperam passar pelos pais, para poderem começar a beber). Nos carros, temos direito a cerveja (de boa e má qualidade. A boa bebemos, e a má, jogamos nos amigos), vodka, uísque (e outros derivados) e comida (pão e bolo). Durante o trajeto, vamos cantando músicas relacionadas ao curso e claro, xingando os outros cursos. Este percurso dura aproximadamente 3 horas e é feito num trajeto de 1 km e meio. O cortejo termina no rio da cidade, onde alguns dos estudantes mais travessos (como eu e meus amigos loucos) nos jogamos no rio Mondego (um dos rios mais poluídos da Europa. Acreditem, “álcool” te permite fazer coisas inimagináveis).  O encontro com os amigos, com os pais dos amigos, os cantos, a confraternização e a felicidade de chegar ao fim do curso daquela maneira, isso, só consegue sentir quem ali vive (tanto a faculdade, como o espírito universitário) e quem é estudante da gloriosa Universidade de Coimbra. A festa acontece em diferentes cidades de Portugal, mas eu só tive o prazer de vivenciar a de Coimbra. Só não pensem que a única coisa que fazemos em Coimbra é beber, pois a festa dura “somente” 10 dias. 😛