Talvez esse seja um dos momentos mais tensos que passei numa viagem. E demorei anos pra contar aqui no Viajão porque ainda estava me recuperando do susto (pena que é mentira).

Era dia primeiro de janeiro de 2008 (feliz ano novo velho mess). Eu estava no meio de um mochilão pela Europa. Tínhamos chegado em Bruxelas, na Bélgica. Passaríamos só o dia por lá mess e depois íamos pra Bruges (sensacional, por sinal, nada mal, cara de pau).

Pegamos um metrô em Bruxelas pra podermos chegar mais rápido aos pontos principais da cidade (quais mess? risos) na visita de médico. Eis que estávamos no vagão, embaixo da terra (ah, vá!), quando o metrô parou de repente.

Lembro que o nosso vagão estava bem cheio e estávamos em pé, segurando nas barras, e quase voamos pela janela com a parada brusca risos.

Antes tivéssemos voado. É que os próximos momentos foram de tensão pura. Muita tensão. Mas muita mess. cheguei a chorar sentado no chão, num cantinho Ficamos parados uns dez minutos, sem qualquer pessoa do metrô dar informações pelas caixas de som.

E nem adiantaria, sabe por quê? Porque eu não sei nada de matemática, sou um estúpido em francês, eu não sei nada de geografia, eu sou perito em anatomia e manjo um pouco de inglês (uma homenagem a Chorão, do Charlie Brown Jr. mess, que embalou nossa adolescência).

Voltando: um passageiro olhava pro outro com cara de medo. Eis que de repente começa a vir uma FUMAÇA do vagão de trás, invadindo o nosso. Ouvi algumas pessoas falarem francês um pouco mais alto. Não queria imaginar que elas poderiam estar gritando “FOGOOOOO!!!! VAMOS MORRERRRRR!!! CORRAM!!!”.

Fui até a cabine do maquinista (estávamos no primeiro vagão) e questionei em inglês o que acontecia. Ele não me respondeu nada mess. Me senti um espírito vagando a terra :'(

Aí os passageiros começaram a empurrar as portas, tentavam puxar as alavancas de emergência. Até fui ajudar, mesmo sem saber o porquê de tanto estresse. Enfim, conseguimos abrir duas portas do nosso vagão. Quando percebemos, vimos que já tinha muita gente caminhando pelos trilhos, passando pelo nosso vagão.

Nos juntamos a essas pessoas e fomos peregrinando, no escuro, com a luz dos Edsons celulares nos guiando. Até que vimos a luz. Ó luz! Era a morte? Era o túnel de luz que as pessoas que sofreram uma Experiência de Quase Morte observam? Não. Era apenas a próxima estação. Estávamos salvos, afinal.

P.S.: Passamos o restante da viagem sem saber o que tinha acontecido realmente. Ninguém nos explicava ali. Quando chegamos ao Brasil, no aeroporto, flagramos uma menina que tinha acabado de chegar de um intercâmbio na Bélgica, conversando com a mãe. E ela dizia: pois é, a tentativa de atentado em Bruxelas no dia primeiro foi horrível. Você viu na TV aqui, né mãe?

Aí perguntamos pra ela, ela confirmou. Pra comprovar, achei essa notícia de 31/12/07.

Acho que já justifica o pânico que o povo estava assim que o metrô parou e a fumaça saiu. E, realmente, fizemos parte desse povo como nunca antes na vida.