Sempre me perguntam o que se deve levar num mochilão. Que tipo de roupa, que tipo de mochila, como se faz um mochilão e por aí vai. Dúvidas frequentes que sempre aparecem por aqui e acho importante porque sempre tenho essas dúvidas também.

De maneira breve, isso depende muito do seu tempo, do seu lugar, do clima, do seu estado. O Xóia já mostrou os 10 mandamentos do mochilão que tem sido um sucesso entre os leitores viajões mas hoje eu vou ser mais específico com esse tema.

Então vamos começar. Separe tudo que você levaria. 1 mês na europa no inverno? 4 calças, 2 ceroulas, 20 cuecas, 12 camisetas, 6 agasalhos (blusa de lã, moletom), 3 jaquetas, pijama, 1 cd da Ivete Sangalo, 20 pares de meias, toca, luvas, 2 pares de tênis e você já não sabe se vai caber na mochila né? Normal, provavelmente mulheres teriam mais coisas nessa lista, blusinha dali, cachecol rosa daqui, mas tudo bem, essa regra pode se aplicar pras moças também. Tudo separado e jogado na sua cama.

Agora a parte difícil, corte pela metade tudo isso que você separou e tcha tcha tcha. Difícil eu sei. Mas só 10 cuecas? Pô, uma hora você vai ter que lavar elas. Até o tênis? Bom, isso é seu critério, da pra levar os 2 sim. Veja, tudo é aceitável, você pode não cortar pela metade e levar tudo isso, sem problemas, pode levar 30 cuecas/calcinhas, ok! sem problemas. Mas que você vai sobreviver com a metade, te garanto que vai.

É uma adaptação. A sua mochila vai fazer parte da sua vida por esse tempo e você vai ser o que tiver dentro dela. Você e ela, num romance nunca visto antes risos. Com ela você vai – e aqui começa o meu post de verdade – e com ela você volta.

Você pode levar o que você quiser na sua mochila, mas o que você vai trazer nela é a parte mais importante da sua viagem. Me permitam ser repetitivo. O que você traz num mochilão é a parte mais importante da sua viagem.

Em 2007 provei o gosto de fazer um mochilão e desde então é um vício que eu sustento. Mas aquele ano foi especial. Nunca tinha viajado de avião, aliás nunca tinha feito muitas coisas: tomado um grande porre, viajado alguns quilômetros apenas pra ver uma garota, nadado de sunga branca quanto menos escrever em um blog e outras coisas legais que a gente faz por aí. E foi ali que eu percebi que todos os meus conceitos poderiam mudar, minhas chances de não ser mais o mesmo eram grandes além de descobrir que tenho pavor de avião, mas isso não vem ao caso agora.

Um pouco tempo antes dos meus 20 tive uma oportunidade única de escolher meu presente de aniversário. Uma viagem tipo mochilão (a descrição foi essa) com minhas primas ou uma máquina fotográfica (profissional, mas não digital na época). Uau!

Imagino que vocês saibam qual foi minha escolha.

Verdade seja dita, se não fosse essa escolha eu não estaria aqui escrevendo esse texto. Teria várias fotos reveladas mas não teria a incrível lembrança do meu primeiro mochilão. Teria vários cliques e experiências em grãos de prata mas não teria um outro ponto de vista. Hoje teria uma máquina velha e quase sem uso. Hoje eu ainda tenho aquela viagem que me revelou muito mais do que um simples filme ISO 400.

Nada pagaria essa lembrança, nada substituiria essa viagem. As histórias ficam. Os objetos se vão. Se desapegar das coisas mas não deixar de viver coisas que você nunca viveu é ousado, mas vale a pena. Não perca tempo, arrisque mais.

Traga no seu mochilão coisas que te surpreendam. Veja coisas que te surpreendam. Conheça os lugares, mas mais que isso, conheça as pessoas dos lugares. Sinta coisas que você nunca sentiu antes. Viva o seu mochilão, traga uma nova perspectiva. O que você traz é mais importante do que você leva. Você pode mudar ou continuar na mesma, não existe regras para isso, mas não encha sua mala na ida. Deixe espaço para caber mais coisas na volta.

Viajar é uma atitude. Se divirta, seja livre de preconceitos, conheça, e se puder passe aqui no Viajão contar sua história. Mesmo que você tenha levado 30 cuecas/calcinhas pra sua viagem. Aquele abraço manero.