Existe um costume sueco que vale ser conhecido (e, quem sabe, adotado) em todos os lugares: fika. Essa palavra quer dizer tanto “café” quanto o ato de “tomar café”. Mas na prática, vai muito além disso. Fika é o costume de fazer uma pausa para tomar um café, comer um bolinho (tem que ter um doce junto!) e bater papo com colegas de trabalho ou amigos. Ou seja, é um momento social.

Aliás, precisam ter outras pessoas junto para ser um fika adequado. Senão, como constam em muitos textos sobre o assunto, seria apenas um bolinho com café. E é um costume muito associado à Suécia mesmo. Segundo o site Visit Sweden, existem empresas suecas que, inclusive, colocam o direito à pausa do fika no contrato de trabalho.

Xícara de café com leite e dois bolinhos de canela suecos.
Além do café, esse kanelbullar (um bolinho de canela) é muito típico no fika da Suécia (Foto: Oskar Yildiz/Unsplash)

A origem da palavra vem do antigo termo em sueco para “café” – kaffi. O costume dessa pausa existe em diferentes países nórdicos, com destaque para a Suécia (óbvio) e para a Finlândia. As estatísticas variam, mas os dois países costumam ficar bem alto nos rankings de consumidores de café. O WorldAtlas, por exemplo, lista os finlandeses no primeiro lugar, com 12 kg per capita em 2019, e os suecos em sexto, com pouco mais de 8 kg. Para comparação, na mesma relação, o Brasil está em 14o lugar, com 5,8 kg de café consumidos por pessoa por ano. Outro site de estatísticas, o Statista, colocou os dois países praticamente empatados, com o consumo anual per capita de 7,8 kg na Finlândia e 7,6 kg na Suécia, atrás somente da Holanda. Mesmo nesse outro estudo, os dois seguem acima do Brasil nesse consumo.

Mas não se preocupem: nós ainda temos o título de maiores produtores de café do mundo.

Um roteiro com café pelo Brasil

Todo esse histórico do fika está aqui por um motivo: eu adoro café. E chá. E o costume de sentar ao redor da mesa com amigos, colegas de trabalho – ou desconhecidos no hostel – e tomar uma xícara de café ou chá e trocar ideias. Sobre o trabalho, sobre filmes e livros, sobre viagens… adicione um bolinho e temos um fika em qualquer lugar.

E entre as muitas coisas que nós fazemos muito bem no Brasil estão café e bolo. Existem muitos cafés especiais sendo produzidos no país (mais sobre isso daqui a pouco) e diversas cafeterias para experimentar. Em São Paulo, onde tenho feito o exercício de provar diferentes estabelecimentos para brunchs, chás da tarde e afins, a lista é imensa. E, por isso, resolvi trazer alguns desses lugares que provei para os outros viajões interessados nesses ambientes. A começar por uma das primeiras e mais interessantes cafeterias que já visitei na cidade.

Fika em SP”: Coffee Lab

Eu não lembro exatamente quando foi a primeira vez que fui no Coffee Lab, na zona oeste de São Paulo. Mas se eles estão na casa na Vila Madalena desde 2011, deve ter sido em 2012 ou 2013. O que me recordo claramente é que, rapidamente, a gente percebe que esse era um lugar não só para degustar café, mas para aprender sobre a bebida. 

O que é óbvio quando você fica sabendo que o espaço é mesmo uma escola sobre café. Além disso, é também um laboratório de torrefação e testes da Isabela Raposeiras, mestre de torra e fundadora do espaço. Mas quem vai só na cafeteria também tem chance de aprender muito.

O espaço é uma casa adaptada, com um quintal amplo e mesas em diferentes ambientes – sem falar no cheiro de café quando estão torrando os grãos que são comercializados no local e por delivery. Então mesmo se você quiser só um lugar para tomar uma bebida quente de boa qualidade, comer algo e trabalhar (ou ir com alguém e fazer seu próprio fika), já é uma boa indicação na zona oeste de São Paulo.

Na área externa do Coffee Lab, em São Paulo, pronta para conhecer mais sobre café – e degustar novos tipos!

Escola e degustação

Quando a amiga que já conhecia o espaço nos levou lá pela primeira vez, ela queria nos apresentar aos “rituais”: comparação entre cafés especiais e tradicionais; entre modos de preparo; ou entre proporções de café e água. Ou seja, saímos para um fika e acabamos aprendendo que faz, sim, diferença, mexer o espresso mesmo que você o beba puro. 

É um lugar bastante conhecido e procurado. Por isso, espere encontrar filas dependendo do dia da semana. Antes da pandemia, a prática lá era dividir mesas. Foi assim que a gente ouviu um australiano contar sobre como era pular nos maiores bungee jumps do mundo. Quando ele se despediu, reparei que ele tinha um broche de esportes radicais da Red Bull, e todas as histórias dele fizeram mais sentido. Então mesmo tendo dias que fui embora por causa da espera, tenho boas memórias de lá e adoro repetir a visita.

Recentemente (leia-se: no fim de agosto de 2022), fiz um dos cursos da escola. Ainda sou muito iniciante para um curso de barista, mas fiz o “Como Melhorar o Café em Casa”, que inclui vídeos teóricos e um dia prático de degustação. E consigo perceber como entendo bem melhor os processos de produção do café. Principalmente sobre os modos de preparo. Por exemplo: pesquisando sobre consumo de café, descobri que os finlandeses dão preferência para uma torra clara. Segundo o blog do Paulig Barista Institute, uma escola de baristas sediada na Finlândia, o modo de preparo mais comum é o filtrado. Com isso, já tenho pistas sobre o sabor que vou encontrar numa próxima visita ao país.

Serviço

COFFEE LAB
Rua Fradique Coutinho, 1340 – Vila Madalena – São Paulo, SP
Telefone: (11) 3375-7400
Informações sobre cursos: (11) 99148-8052 (WhatsApp)
Loja e Delivery: Todos os dias, das 9h às 18h

Todas as informações desse post são opiniões da autora. As informações institucionais foram pesquisadas nos sites citados.