Ok, você já sabe todos os truques que precisa para ficar em um hotel. Afinal, é um formato bastante tradicional de hospedagem em viagem. Mas e no hostel? Será que tudo funciona do mesmo jeito?

Bom, eu sou uma entusiasta de hostel. Acho que é uma das melhores opções para quem viaja sozinho, tanto por custos quanto por ambiente. Afinal, você reserva uma cama em um quarto e é comum encontrar várias outras pessoas viajando sozinhas ou em pequenos grupos. Diferentemente de hotéis, onde os grupos tendem a ficar cada um no seu canto, a maioria dos hostels oferece mesas compartilhadas, áreas de jogos, salas de estar… fora que há cada vez mais hostels “boutique”, super arrumadinhos e com quartos privados. Seria esse o melhor dos dois mundos? Então, se você está buscando economizar na próxima viagem, está pesquisando como viajar sozinho pelo mundo ou quer experimentar esse formato de hospedagem, veja essas dicas para se tornar um expert em estadia em hostel.

O que é um hostel?

Os hostels surgiram na virada do século 20. Segundo a Hostelling International, esse tipo de acomodação surgiu na Alemanha, depois que um professor que levava alunos em uma excursão percebeu a falta de acomodações baratas para esse perfil de hóspede. O hostel mais antigo data de 1912, no noroeste da Alemanha.

Acho que, hoje em dia, as pessoas já se livraram um pouco dos preconceitos em relação a esse tipo de hospedagem. Embora continuem bastante associados a jovens, estudantes e mochileiros, minha experiência é que o perfil de hóspede muda de acordo com o tipo de hostel mesmo. Um lugar mais básico atrai mais jovens, um lugar mais arrumadinho atrai de tudo. Já dividi quartos com: viajantes solo, grupos de amigos, famílias, universitários em recesso, idosos, teve até uma mulher que o filho e o marido ficaram em camping enquanto ela ficou no hostel.

Um dos hostels mais mistos que eu já estive: casais aposentados, universitários com permuta de estadia, cachorros e uma vista incrível de El Calafate

Tipos de hostel

Há vários tipos de hostel, mas você vai ouvir mais referências a:

Party hostels: para os baladeiros, com foco nas festas. Você vai reconhecer pelas fotos que esse é um hostel onde a galera vira a noite curtindo a balada mesmo. Aliás, os party hostels costumam até colocar na descrição que são desse tipo.

Backpacker hostel: para os mochileiros. O que isso quer dizer é que, em geral, são hostels com quartos maiores e com menos amenities. Quando vejo essas descrições, penso em hostels de passagem, para a galera que está passando pelos destinos.

Isso porque há pessoas que ficam bastante tempo nos hostels logo quando se mudam para uma cidade. Por isso que você pode se deparar com alguma norma de limite de diárias para a estadia até. Mas não é porque tem “Backpacker” no nome que é desse estilo, tá?

Boutique hostels: assim como hotéis boutique, esses são hostels com algum diferencial, seja de estilo, seja de serviço. Em geral, são menores, com mais opções de quartos privativos.

Se não for nenhum desses, aí são hostels com público mais variado mesmo. Em geral, é nesses que eu fico hospedada quando decido viajar sozinha.

Como fazer reserva em hostel

O processo de reserva em hostel nas plataformas e sites é bem similar ao de hotéis. A principal diferença é que você reserva um número de camas em um quarto – em vez do quarto todo. Por isso, aliás, é bom uma pessoa fazer a reserva de um grupo, se for o caso, para garantir que as camas sejam todas no mesmo quarto. Indique na reserva caso tenha alguma necessidade específica – como restrição motora para subir em um beliche, por exemplo. Ah, e é bom fazer reserva, sim. Ainda que sejam hospedagens mais informais, não é raro lotar, principalmente em férias escolares e feriados (semanas de recesso de universidades então…)

Assim como para hotéis, AirBnbs e qualquer hospedagem, é importante pesquisar na hora de fazer a reserva. Olhar no Booking.com o preço e disponibilidade, mas checar também o site do hostel e plataformas voltadas para quem esteja acostumado a esse tipo de hospedagem. Um dos meus sites favoritos onde você pode procurar hostels para se hospedar é o Hostelworld.

Isso porque já encontrei gente reclamando que o quarto era compartilhado e que tinha beliche. Mas é o que aparece em todas as fotos! haha E aí, isso virou uma nota baixa na plataforma. Já vi o contrário acontecer também. Elogios a um hostel bem básico. Mas é que, dependendo da sua referência, qualquer quarto com banheiro já é luxo.

Quarto de hostel com seis beliches vazios.
Esse hostel em Amsterdã é, facilmente, um dos melhores onde já me hospedei.

Tipos de quartos

Por isso, há outro aspecto a se prestar atenção na hora de fazer a reserva: o tipo de quarto. Em geral, são três escolhas a se fazer (caso tenha opção, né?): 

  • * Será um quarto feminino, masculino ou misto?
  • * Tem banheiro dentro do quarto ou não (também chamado de ensuite)?
  • * Quantas camas há no quarto?

Um quarto com 5 beliches misto (ou seja, com 10 pessoas variadas) costuma ser mais barato que um quarto com 2 beliches feminino, por exemplo. 

Nem sempre todas essas opções estão disponíveis, por isso, você precisa saber o que te deixa confortável. Por exemplo: na minha primeira estadia em hostel, eu quis um quarto feminino, porque queria me acostumar à experiência. Em Dublin, tinham me indicado o Jacobs Inn, mas só tinha opção para quarto misto para 12 pessoas. Optei por ficar no local recomendado em vez de arriscar em busca de um quarto menor. Eu sempre dou preferência para quartos com banheiro (convenhamos, é muito mais prático do que andar de pijama pelos corredores). Mas queria me hospedar no City Backpackers em Estocolmo e não tinha essa disponibilidade no momento. O jeito foi criar o kit banho para levar na hora do chuveiro e deu tudo certo.

Aliás, quer montar uma necessaire compacta para a viagem? A Marina reuniu dicas muito boas!

Passo a passo do check-in

No check-in, a recepção vai te informar as regras do hostel e, principalmente, se você pode escolher a cama disponível ou se elas são pré-determinadas. Pode ser que peçam um depósito para a chave e roupas de cama, que é devolvido no check-out com a devolução dos itens. Se precisar deixar alguma mala volumosa fora do quarto, eles vão te direcionar ao depósito de bagagens. 

Nos maiores, a recepção vai funcionar bem igual à de um hotel. Mas uma diferença importante é que nem todo hostel tem atendentes 24 horas. Então vão te orientar como entrar na propriedade fora do horário comercial e, até mesmo, como fazer o check-in por conta própria (por pouco não aconteceu comigo em Helsinque! Eu já tinha recebido todas as informações para o self-check-in, mas consegui chegar 15 minutos antes da recepção fechar).

Aproveite para perguntar se há parcerias ou descontos com restaurantes e serviços na região. Ainda em Estocolmo, ganhei duas cervejas e um desconto no prato de almôndegas no restaurante anexo. E tava bem saboroso!

Dentro do quarto

Ao entrar no quarto, identifique qual cama você vai usar e se há armários ou gavetas que você possa usar para guardar seus pertences. Se sim, veja se você pode usar qualquer um ou se eles são numerados de acordo com as camas. Se não houver armários nos quartos, as malas costumam ser colocadas embaixo do beliche que você estiver usando. E lembre-se que você vai dividir essa casa do bicho-papão área com a outra pessoa do beliche. E, claro, sempre trancadas, né?

As camas mais disputadas são as inferiores (mas vale elogiar a escada do beliche do ClinkNoord, em Amsterdã. Super confortáveis!) e fora do rumo da porta. Mas se você não se importar em ficar nas camas de cima, elas são mais “privativas”. Hostels mais “pensados” oferecem tomadas em cada canto, mas nos mais antigos, a cama perto da tomada também será disputada. Nada como poder carregar seus eletrônicos durante a noite, em vez de ter que dedicar parte do seu dia monitorando seu celular na área pública. Dica rápida para escolher o armário: o de cima pode parecer mais confortável para manusear seus objetos e mochilas, mas é bem chatinho para colocar malas maiores.

Quarto sem armário individual = bagunças embaixo da cama…

Roupa de cama e toalha

Alerta importante: guarde espaço na bagagem para uma toalha. Principalmente se for viajar só com mala de mão, é importante lembrar deste item. Em geral, os hostels cobram aluguel ou, no mínimo, depósito pela toalha. E nem sempre é igual a toalha de hotel… Por isso, para garantir seu conforto mental, melhor levar sua própria. 

Os lençóis e cobertores costumam ser fornecidos pelo hostel e, em geral, já estarão na sua cama na hora que você chegar. Mas caso a cama não esteja arrumada, eis uma dica que vai fazer você parecer que é expert em hostel! Principalmente na Europa, o que eu encontrei foi um edredon e um “lençol que não abre”, que na verdade, é uma capa para o edredon. Se você colocar a mão dentro do lençol vai ver que ele tem uns furinhos no canto. Ele costuma até estar do avesso. O truque é passar as mãos por essas frestas, pegar o edredon pelas pontas e “desvirar” a capa já por cima da coberta. Pronto! Já tá pronto para dormir. 

Espaços compartilhados do hostel

Uma das melhores coisas dos hostels são as áreas comuns. Em geral, são áreas com sofás, livros para empréstimo, jogos de tabuleiro, e, claro, cozinhas e lavanderias. As regras da boa vizinhança se aplicam aqui: lave o que usar, guarde no local correto, não use todas as panelas ao mesmo tempo. A geladeira também é um espaço comum, então você pode guardar suas compras do mercado em uma sacolinha, identificar com seu nome e datas da estadia (para ninguém jogar fora antes da hora). Se for sobrar algo que você não vai levar contigo, veja se há um espaço para doações – nada como ajudar o próximo viajante, né?

Máquinas de lavar costumam funcionar com tokens comprados na recepção. Sabão em pó, você precisa comprar no mercado – ou ver se alguém deixou de doação na lavanderia. Na Europa, na Ásia e nos EUA, foi bem fácil achar pacotinhos tanto de sabão quanto de amaciante de uso único, para você não ter que comprar caixonas. Na hora de lavar a roupa, não precisa ficar o tempo todo na lavanderia, mas coloque um timer para não monopolizar as máquinas – sempre tem alguém esperando para usar. 

Um jardinzinho interno no hostel para descansar no dia chuvoso de viagem…

Os melhores momentos para fazer amigos no hostel são dividindo uma mesa na hora do café ou compartilhando um fogão. Além disso, muitos têm bares ou restaurantes atrelados. Alguns, inclusive, que são pontos pop da cidade. Então você pode curtir esses espaços compartilhados, sem ficar isolado no quarto, mas ainda assim, ficar a poucos metros dele, caso não esteja afim de sair à noite sozinho.

Itens indispensáveis em um hostel

Além da toalha, há alguns itens que vão te ajudar muito na estadia em um hostel. Primeiro: não esqueça dos fones de ouvido. Em geral, hostels são mais movimentados e barulhentos que hotéis. Mesmo no quarto, as pessoas vêm e vão em diferentes horários, principalmente no “rush” de manhã e na hora da janta. Então para ter um momento de mais “isolamento”, o fone de ouvido é indispensável. Outro item importante é um cadeado, mesmo se sua mala já tiver aquelas travas embutidas. Cadeados grandes, tipo de corrente de bicicleta, são melhores que os pequenos, que podem não ser o suficiente para a tranca do gavetão ou do armário.

Na minha mala também nunca falta uma Sharpie. Essas canetas são ótimas para anotar o nome nas comidas que vão ficar na geladeira, ou nos seus pertences. E uma sacolinha ou mochilinha vai te ajudar muito caso precise usar os banheiros compartilhados. Assim, você leva sua necessaire, toalha e roupas para o banho de uma forma muito mais organizada.

E aí, já se hospedou em hostel alguma vez? Qual truque foi mais útil na sua estadia?