Não muito distante da costa argentina fica um arquipélago de mais de 700 ilhas, habitado (oficialmente) por menos de 3 mil pessoas. As Ilhas Falkland – ou Ilhas Malvinas – abrigam mais de 220 espécies de aves, mas tem uma que atrai muitos turistas: os pinguins. Na verdade, são cinco as espécies de pinguins presentes nas ilhas: rockhoppers, pinguim-rei, pinguim-de-magalhães, pinguim-gentoo e pinguim-macaroni. Diferentes colônias se espalham pela ilha e, dependendo de quão aventureiro você estiver, poderá fazer desde passeios simples até verdadeiros trajetos off-road para admirar esses animais.

Pinguins de diferentes espécies perto da costa nas Ilhas Malvinas.

Geografia e moeda

Antes de mais nada, é importante dizer que as ilhas são chamadas de Malvinas ou de Falkland, dependendo do seu interlocutor. O arquipélago é tema de uma disputa que volta e meia vem à tona entre Argentina e Reino Unido. E foi centro da Guerra das Malvinas, que durou 10 semanas em 1982, entre os dois países, ficando sob controle britânico no final.

Em Stanley, capital do país, os costumes que encontramos como turistas são mais britânicos. O inglês é o idioma oficial e a moeda corrente é a libra de Falkland, que tem a mesma cotação da libra esterlina. Na ilha de East Falkland, há uma base militar britânica e o trânsito segue na mão inglesa. O clima é bem frio, com máximas na faixa dos 20ºC no verão. Afinal, as ilhas estão perto do fim do mundo, na altura da Patagônia.

Placa de "bem-vindos às Ilhas Falkland" e acesso ao cais. Casas marrons com telhados coloridos ao fundo.

Voos e documentos

Existem vôos semanais que ligam as Ilhas Malvinas ao Chile, e voos mensais para a Argentina e para o Brasil (sim, em 2019, abriu uma rota para o Brasil pela Latam). Porém, segundo a Câmara de Turismo das Ilhas Falkland, é preciso agendar esse voo via a agência local. Há também voos semanais da Força Aérea Real (a RAF) que saem do Reino Unido e podem, sim, levar passageiros civis. Segundo o site oficial de informações, o preço da passagem ida e volta é de duas mil libras.

Mas é bastante comum é ver turistas que chegam até as ilhas de navio – o que foi o meu caso. Durante a temporada de cruzeiros na América do Sul, diversas linhas param na ilha. Um dos motivos de eu escolher a Norwegian Cruise Lines para minha viagem foi justamente que dava para conhecer mais esse destino. E confesso que foi muito curioso para mim pensar que havia cerca de cinco mil passageiros a bordo do navio – e que esse número é praticamente a população total da ilha. Os cruzeiros chegam pela manhã e vão embora no fim da tarde, sobrando tempo apenas para uma volta pelo centro, umas comprinhas e, como indica o título desse texto, fazer uma visitinha para uma colônia de pinguins.

Atenção: há restrições de viagem em vigor por causa da pandemia de Covid-19, bem como alterações nas rotas aéreas. Consulte sempre a situação atual no site da Falkland Islands Tourist Board.

Seja de navio ou de avião, essa viagem é considerada internacional e é preciso levar passaporte. Brasileiros não precisam de visto para entrar nas ilhas. E o carimbo para quem chega de navio tem permissão de entrada específica para quem está em excursões de navios – além de um fofíssimo pinguim.

Carimbo em passaporte de entrada em Falkland Islands com desenho de pinguim e informação de que é válido apenas para excursões de navio.

Afinal, onde tem pinguins em Falklands?

Bom, pode ser que eles estejam nadando ao lado do seu bote no trajeto entre o navio e a ilha. Ou até mesmo caminhando no gramado ao seu lado, na rua principal. Mas mais provavelmente, você terá que fazer um passeio até eles. Algumas colônias podem ser alcançadas em caminhadas a partir do centro de visitantes. Outras são um passeio de poucas horas. Há também quem queira passar o dia inteiro com os pinguins. No meu caso, o navio oferecia dois passeios: até Punta Tombo, em um passeio de 7 horas até uma colônia de pinguins-de-magalhães; ou um passeio de 3 horas e meia até um lugar chamado Bluff Cove, com uma colônia mista de animais. Eu fiz essa segunda opção.

O trajeto

O passeio começou com uma van nos buscando no centro de visitantes, bem perto do cais. Nós dirigimos por uma estrada asfaltada por uns 15 minutos até chegar a um ponto de encontro no meio da estrada mesmo. Lá, esperavam por nós 3 jipes off-road que levavam quatro passageiros cada. Ao entrar no carro, nossa motorista perguntou, ao melhor estilo Mission:Space do EPCOT: “Com emoção ou sem emoção?”. A escolha do nosso carro foi: com emoção.

Junto aos pinguins

E fomos pelo trajeto enlameado, ainda molhado de alguma chuva recente, derrapando, acelerando – e rindo muito – até perto da costa. Essa área faz parte de uma propriedade privada – uma fazenda de ovelhas, aliás – onde há vários pinguins, filhotes e adultos, e áreas para reprodução. Eles ficam aglomerados e, todos as manhãs, os guardas indicam com bandeirinhas quais os limites que os visitantes não podem ultrapassar, embora dê pra caminhar bem entre eles. 

As bandeirinhas brancas no chão delimitam as áreas exclusivas para penguins.

Já os pinguins circulam como querem pelo terreno, indo até a praia e mergulhando no mar. Há gentoos, pinguins-rei, magalhães, e até outras espécies, dependendo do dia. Você pode ficar ali, observando os animais, percebendo como eles caminham no vento, ou no terreno inclinado, ou simplesmente dão alguns passos e param de novo.

Para amenizar o vento gelado de primavera, há um café com biscoitos e bolos – e minha parte favorita, um chá inglês bem quentinho. Depois de cerca de uma hora nessa parte da ilha, o 4×4 nos levou pelo terreno enlameado de volta ao minivans, e então, de volta ao centro de Stanley. E para encerrar o dia, no bote de volta ao navio, um pinguim-de-magalhães ainda nadou ao nosso lado, para ajudar a nos despedir desse dia nas Ilhas Malvinas.