Eu não sei bem explicar o motivo, mas eu adoro Buenos Aires. Talvez seja porque foi o primeiro destino para onde viajei sozinha. Talvez porque a cidade é charmosa mesmo. Só sei que vale a visita (ou, pelo menos, a escala no caminho para a Patagônia). A principal dica sobre a cidade é: visite os pontos turísticos mais famosos. Mas como nós gostamos de construir memórias, eis algumas experiências para se viver na capital argentina:

A sede do governo argentino fica na Plaza de Mayo, palco de grandes manifestações. Visitas guiadas podem ser agendadas no site oficial

1. Tomar um café no palco

Talvez não precise tomar o café. Mas como fica no antigo palco do teatro que hoje é uma das livrarias mais lindas que já vi, vale a visita. A livraria é a El Ateneo Grand Splendid, da Avenida Santa Fé, e fica a um quilômetro, mais ou menos, do Cemitério da Recoleta.

Teatro antigo com pinturas no teto, cortinas no palco ao fundo e prateleiras de livros.
Vai dizer que não é uma das livrarias mais lindas que existem?

2. Fazer passeios inesperados

A visita ao Cemitério da Recoleta não só é uma experiência divertidíssima por causa das excursões de turistas de navios,  mas é também uma ida a um museu (macabro) a céu aberto. Juro que parece um parque. Mais de 90 esculturas são consideradas monumentos históricos. O melhor é que, na pracinha em frente ao cemitério, tem feirinha de artesanato. E do outro lado da pracinha, tem barzinhos bons e várias opções de comida.

3. Disputar espaço para tirar foto na Galerías Pacífico

Brincadeiras à parte, a área central desse shopping center é bem bonita. E se você for no fim do ano, tem uma árvore de Natal bastante charmosa (há alguns anos, costuma ser temática de Carolina Herrera). Além disso, é sempre bom saber onde tem uma praça de alimentação (e um banheiro limpinho) na Calle Florida, que é uma atração turística, porém é um calçadão de centro.

4. Sentar na praça e ver a vida passar

Você provavelmente vai fazer isso no parque no entorno da Floralis Genérica. Mas o que eu mais gosto em Buenos Aires é que praticamente toda rua é uma alameda, com árvores quase de ponta a ponta. Então sempre gosto de aproveitar para tomar um sorvete numa praça, ou pegar um suco e comer debaixo das árvores. E como tem muita praça pelo caminho, são muitas opções para pausas. Gosto muito da Plaza General San Martin. E me perdendo caminhando pela cidade na minha primeira visita, descobri a praça abaixo (que, aliás, aparece no filme Medianeiras!).

A Plaza Cataluña foi minha primeira descoberta ao me perder em Buenos Aires

5. Adquirir bolhas nos pés

Ok. Essa dica é meio ruim. Mas foi o que aconteceu todas as vezes que estive em Buenos Aires. Como é uma cidade com várias regiões planas, tipo entre a Recoleta e Palermo, ou entre a Recoleta e o Centro, pensei: “pra que metrô? Vou andando”. Uns 10 quilômetros de sapatilhas depois, eu decidi nunca mais viajar sem um tênis. Nesses bairros, é bastante tranquilo andar a pé, então dá para encontrar um café, ou uma unidade do Havana, ou uma sorveteria. Caminhe em Puerto Madero de um lado ao outro (os restaurantes de lá são mais caros!), caminhe em San Telmo de um lado ao outro (desviando das barraquinhas), caminhe muito!

Estátua da personagem Mafalda, do artista Quino, em banco de rua
A Mafalda, do artista Quino, fica em San Telmo só esperando para sair na foto

6. Aproveitar os transfers

Eu só peguei táxi na rua em Buenos Aires uma vez, no desespero, porque era 1º de janeiro e eu precisava chegar logo ao aeroporto. O problema é que a fama negativa deles nunca vai embora. E como viajar sozinha tem suas particularidades, eu optei pelo transfer do Tienda León. Comprei na hora, no balcão do aeroporto, e aí já reservei a volta também, para um horário cedo. Ele vai até um “terminal” da companhia e depois você troca para um táxi (incluso) até seu hostel. Ou você pode pedir para o seu hotel reservar um táxi para você.

7. Deliciar-se com o doce de leite

Sério. O doce de leite deles é muito gostoso e provavelmente vai ter no seu café da manhã, para comer junto com uma medialuna, que é um croissant sem recheio e bem macio. Tostadas, em geral, são um misto frio (fica a dica) bem quebra-galho para a hora da fome. Em vez de um pão de queijo, a empanada é um lanche rápido que vale por uma refeição. Vale estudar também o  “almoço executivo” que é oferecido em vários restaurantes. Prato principal, sobremesa e uma taça de vinho por um valor fixo. Por que não?

8. Turistar sem limites por Buenos Aires

Ah, o Caminito… como não amar as cores e os sons? Cuidado com batedores de carteira, porque as ruas são muito cheias. Tem restaurantes gostosos por ali também. Eu, honestamente, adorei visitar o La Bombonera. O passeio de museu + visita ao estádio custa uns 42 reais (março/2019) e você chega bem pertinho do gramado. Esse é um daqueles pontos de Buenos Aires onde é super ok caminhar pelo Caminito e super ok pegar a rua até a Bombonera, e super ok ir embora da Bombonera até o metrô. Mas não é muito bom de perambular. Então pergunte no hostel qual ônibus pegar para se perder menos. Eu peguei ônibus e metrô de boa por Buenos Aires, aliás.

Quanto ao dinheiro, o peso argentino está bem desvalorizado, e, assim como no Chile, compensa levar reais e trocar lá. Pode ser no aeroporto mesmo, no Banco La Nación, que a conversão costuma valer a pena. Achei mais difícil encontrar casas de câmbio boas e abertas em outras regiões da cidade.

Como eu já fui quatro vezes (!), confesso que a maior parte das coisas bem turísticas eu fiz há alguns anos. No começo de 2018, eu só comi doce de leite e bebi vinho. E em 2017, fui caminhar pelo Puerto Madero e fazer comprinhas na Calle Florida. Mas eu amo Buenos Aires. Voltaria mais e mais vezes, se pudesse. Quem vem comigo?