Atenção! Nosso colaborão de hoje vem direto do Planeta Etérnia. Sim, é ele, Esqueleto HE-MAN! Estamos importantes, viu? risos

He-man é o apelido do nosso viajão desta terça. Paulo Roberto Missfeldt é jornalista e curte uma aventura sobre duas rodas. Rodou quase 5 mil quilômetros de moto, com um amigo, e nos fala sobre a hospitalidade dos nossos “hermanos” do Mercosul.

Ronque o motor, empine sua moto e viaje com eles por essas estradas! Isso me lembrou Full Throttle, aquele jogo pra PC da década de 90, tá ligado?

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Epopéia de moto quase pelo Mercosul

Olá! Começar um texto escrevendo num site que não é seu sempre é complicado. Mas, o assunto vale a pena! Estou aqui para – começar a – contar, a convite do Xóia, alguns flashes sobre minha viagem de férias, no mês passado. Com um amigo, dei uma volta de moto de quase 4750km pelo Brasil, Argentina e Uruguay.

Na Argentina, lugar de estacionar moto é em cima da calçada mesmo…

Os planos originais eram bem diferentes: em abril, com a minha namorada, etc. Uma perna quebrada, a recuperação, as férias adiadas, cortes no orçamento; vários motivos pelos quais acabei fazendo essa – ótima – viagem no mês passado, sem a patroa, com um amigo meu, o André (na moto dele…), que conheço há pouco tempo, mas já é um grande parceiro de estrada!

André, Alberto e eu. Posando com o mecânico que fez a troca o óleo da minha moto em Corrientes-ARG

Nossa ideia sempre foi: um roteiro-base, sabendo mais ou menos por onde passar, e mais ou menos o que queríamos ver. Pela distância envolvida, saímos de casa no dia 12 de setembro, com a idéia de passar entre 10 e 15 dias fora de casa. Foram 16, e só teria sido melhor do que foi só se eu estivesse escrevendo de algum lugar da viagem ainda…

Nosso roteiro-base era um “quadrado-torto”: Blumenau a Curitiba, de Curitiba a Asunción-PAR, de Asunción a Santa Fé-ARG, de Santa Fé a Punta del Este-URU, e de lá pra casa, porque as férias, a verba e o alvará da namorada não são eternos. Nesse roteiro, passaríamos, claro, pelas capitais Buenos Aires e Montevideo, além de Corrientes (Argentina), e Colónia del Sacramento, La Paloma e Chuy (no Uruguay).

Túnel sob o rio Paraná, ligando as cidades de Santa Fé e Paraná, na Argentina.

A idéia de fazer grandes distâncias de moto não é nova. A internet está cheia delas, com relatos bem melhores do que os meus, e sempre com grandes doses de emoção. Ao contrário do que pode parecer, não é um esquema Easy Rider (fumando marijuana, dando carona pra hippies e apanhando), nem Hell Angels (roubando gasolina, mulheres e cerveja). Se tivéssemos feito isso, aliás, a viagem sairia mais barata, apesar do risco maior…

Andar de moto não tem explicação: ao contrário do normal, a viagem não tem um destino! A viagem toda É o destino! Quando se viaja de moto, não se pergunta “para onde você vai/foi?”, mas “POR onde você vai/foi?”. De moto, a gente acaba fazendo parte do cenário, interagindo muito mais com a população local e, consequentemente, fazendo as duas coisas que eu mais busco numa viagem: conhecer o modo de vida local e esquecer o MEU modo de vida lá em casa…

Empanada artesanal, que a tiazinha tinha acabado de tirar do forno quando chegamos no “boteco” dela, em Cabo Polônio, uma reserva natural no litoral uruguayo

Pequenos detalhes, como ter que ouvir histórias de que “o meu [encaixe algum grau de parentesco aqui] também tem uma moto! E ele já foi pra [encaixe algum destino]” a cada posto de gasolina; entender que motos não pagam pedágio (mas têm que passar por um estreito corredor lateral) na Argentina e no Uruguay; ser escoltado até algum hotel (uma vez pelo leva-e-traz da Renault, outra por uma viatura da Polícia uruguaia) barato e decente, ou mesmo conversar sobre a previsão do tempo no local sabendo que amanhã você estará bem longe dali estão entre as ‘aventuras’ que nenhum viajante CVC viveria…

Passagem lateral para as motos, que não pagam pedágio na Argentina e no Uruguay. Umas moedas a mais!

As motos – uma Shadow 600 e uma 750 cilindradas, fazem barulho e chamam bastante a atenção, já que por lá praticamente não existem motos grandes… Some-se a isso o fato dos pilotos serem dois caras grandes, vestidos de preto e couro, e dá pra ter uma idéia do quanto chamamos a atenção!

E, mesmo com cara de maus (e assustando criancinhas durante todo o percurso), a receptividade argentina e uruguaia é uma coisa extraordinária! Todo mundo chega querendo saber de onde tá vindo, pra onde vai, como que é, quanto tempo tá na estrada, etc… Chega a ser estranho parar num posto de combustível e não conversar com ninguém depois de entrar no Brasil de novo…

Viajar de moto é uma delícia: o único empecilho é controlar a quantidade de lembrancinhas compradas na viagem. E montar/desmontar o “acampamento” a cada parada…

Me esforcei bastante pra não abrir muito os lugares por onde passamos, já que o Xóia prometeu que, se eu escrevesse menos de 50 páginas, eu poderia mandar outro relato sobre onde passamos… E é o que farei, assim que a preguiça deixar for possível.

Ah, o “quase” no título é porque, por sugestão de um amigo de Foz do Iguaçú, cancelamos a passada pelo Paraguay. Com isso, não fomos num baile em Asunción, capital do Paraguay, onde eu vi as paraguaias sorridentes a bailaaaaaar, mas conhecemos Posadas, na Argentina, uma Buenos Aires miniatura: o mesmo charme, sem o ar bucólico de cidade grande. Mais detalhes na próxima!

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Valeu He-Man! E to esperando a segunda parte dessa aventura, contando detalhes sobre os lugares! Pode ser mais 50 páginas agora risos.

Você, viajão, também pode escrever a sua aventura de viagem! Mande pra souviajao@gmail.com e apareça por aqui, toda terça-feira. Ah, e não precisa ser a She-Ra, ok? 😀