Considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, Petra é um daqueles destinos de sonho no Oriente Médio. Não se sabe ao certo quando a “cidade rosa” foi construída, mas ela já tinha importância comercial no século 1 a.C. Petra foi tomada pelo Império Romano, atingida por um forte terremoto no século 4 d.C. e ficou um pouco esquecida até entrar na rota dos arqueólogos nos anos 1800. E dos viajantes, é claro. Aliás, só em 2019, a cidade no sul da Jordânia recebeu mais de um milhão de visitantes. E essa é uma viagem no tempo que vale muito a pena. 

Parte das colunas e entalhes da estrutura conhecida como Tesouro vista em fenda do desfiladeiro.

Localização e planejamento

O sítio arqueológico fica a cerca de 240 km de Amã, capital da Jordânia, e a 120km da cidade de Aqaba, na costa do mar Vermelho. A cidade mais próxima, caso procure um hotel na região, é Wadi Musa. Para entrar em Petra, é preciso comprar ingresso no Centro de Visitantes, que pode ter validade de 1, 2 ou 3 dias. Inclusive, os ingressos mudam de valor dependendo de quantos dias você pretende visitar os monumentos, e se você vai pernoitar na Jordânia ou não. O ingresso de um dia custa 50 dinares jordanianos para quem está hospedado no país e 90 dinares jordanianos caso visite o sítio no mesmo dia que entrar na Jordânia (entre 70 e 126 dólares, preços e cotações de julho/2021). 

Isso porque é possível ir até Petra a partir de Eilat, no sul de Israel. Em uma excursão, você cruza a fronteira no começo do dia, faz um trajeto de cerca de 2h30 de ônibus até Petra e volta à noite para atravessar de volta para Israel. É um passeio viável, como vou contar abaixo, mas é corrido. Não é possível caminhar pelas trilhas mais longas e se afastar muito do caminho central. Para conhecer os muitos quilômetros de desfiladeiros e vários monumentos com calma, é necessário passar alguns dias por ali. 

Exemplo de ingresso de um dia com valor de 90 dinares jordanianos e logo de Petra.

Tours, trilhas e luz de velas

Você pode realizar a visita por conta própria ou em uma excursão. O horário de visitação é das 6h às 18h no verão e das 6h às 16h no inverno. Além disso, existe também um passeio chamado “Petra by night”, que é um evento noturno no qual é possível visitar o desfiladeiro iluminado por velas. Ele acontece algumas vezes por semana, em dias determinados, e precisa de um ingresso extra à parte para participar (além do ingresso do passeio do dia, mais um para o tour de duas horas à noite).

Caso decida desvendar os mistérios da Cidade Rosa sozinho, há algumas trilhas que é possível seguir, das mais fáceis às mais difíceis. No Centro de Visitantes, é possível contratar o serviço de um guia em diferentes idiomas para te acompanhar no passeio. Infelizmente, ainda não tem tour em português. Já se estiver em uma excursão, provavelmente terá um guia incluso no passeio. O que é ótimo, pois há muitas formações para se observar pelo trajeto.

Rachel e outras pessoas caminham entre as paredes rosadas do desfiladeiro de pedra.

Um dia em Petra

O nosso tour começou no hotel em Eilat, com um guia que nos acompanhou até a fronteira com a Jordânia. Lá, fizemos os trâmites de saída de Israel e atravessamos (a pé) para a imigração jordaniana. Com o novo carimbo no passaporte, entramos em um ônibus que nos levou pelas estradas do sul da Jordânia enquanto o guia nos explicava aspectos culturais da região, da arquitetura e geografia locais.

Chegamos a Petra ainda de manhã, mas o sol forte em uma área de pedra fazia com que procurássemos sombras pelo caminho. O guia foi muito importante para destacar os entalhes de pedra que contam a história desse sítio arqueológico ao longo do Siq, a trilha principal pelos desfiladeiros. É um trajeto de pouco mais de um quilômetro, entre rochas que podem chegar a 80 metros de altura e por um trajeto que pode ter desde 12 metros de largura até passagens de apenas 3 metros. Alguns dos caminhos são naturais e outros, foram construídos pelos antigos habitantes da região.

Monumentos em Petra

Ao final desse trajeto, chegamos a uma das estruturas mais famosas de Petra, Al Kahzna, também conhecida como: o Tesouro.

Fachada do Tesouro de Petra, com colunas e entalhes na pedra rosa. Pessoas e um camelo aparecem pequenos em frente à estrutura.

Se te pareceu familiar, é porque aparece em “Indiana Jones e a Última Cruzada”. É uma estrutura impressionante, com uma fachada de quase 40 metros de altura, construída no século 1 a.C. De acordo com a Autoridade de Turismo de Petra, o uso original do prédio é incerto. Há quem acredite que tenha sido um templo, ou um uma espécie de arquivo para documentos. Não é possível entrar no prédio, mas há um café com uma bela vista para quem quiser passar uns minutos admirando o local.

Obviamente, há muitos mais encantos por Petra. Há, por exemplo, um teatro para 4000 espectadores, cuja construção começou no século 4 a.C. e que foi reconstruído durante o Império Romano. A sensação é que cada nicho, dos canais construídos para captação de água, às imagens para divindades, às moradias, tumbas e templos, conta uma história. Nós ficamos algumas horas por ali, com um tempo para explorar por conta depois do tour. Até que chegou a hora de ir embora. Lembrando que tínhamos 1,2 km de caminhada de volta até a entrada, nos despedimos d’O Tesouro e voltamos para o ônibus. Antes de fazer o trajeto de volta até a fronteira com Israel, almoçamos em um delicioso restaurante na beira da estrada, onde a carne era preparada em grandes chapas de ferro. E paramos em um mirante para ver o pôr-do-sol no deserto, com Petra totalmente escondida pelas montanhas.

Rachel com deserto e cadeia de montanhas de Petra ao fundo, no entardecer.
Os desfiladeiros de Petra estão em algum lugar em meio a essas montanhas.

Valeu a pena fazer o passeio de um dia?

Assim, como o passeio de um dia para o Grand Canyon, achar que vai conhecer muito de Petra em um só dia é se frustrar. Tendo dito isso, é um dos cenários mais incríveis que já presenciei. Portanto, se só pudesse fazer outra excursão desse tipo para lá, faria de novo – mesmo tendo ficado exausta no fim do dia. Por isso, avalie bem se esse tipo de passeio corrido é seu estilo. E se puder ficar uns dias a mais, melhor ainda.