A lista de Patrimônios Culturais Imateriais ganhou novos itens culinários em 2022! Entraram para a relação da Unesco a baguete francesa, o rum cubano, a produção tunisiana de harissa, o Al-Mansaf jordano e a fabricação servia de Šljivovica (um destilado à base de ameixa). 

A lista é similar à de Patrimônios Culturais da Humanidade – essa, com o intuito de relacionar objetos e locais com impacto cultural na história dos seres humanos. Já a lista de Patrimônios Imateriais foca em práticas, expressões, técnicas, objetos e lugares relevantes para a cultura local.

Que tal uma baguete francesa?

De acordo com a Unesco, a baguete é o tipo de pão mais consumido na França e requer conhecimentos e técnicas especiais para a produção. Entre as particularidades desse tipo de pão está a necessidade de um expositor especial que acomode esse pão comprido, de casca crocante. A Unesco reconheceu o rito da produção desse pão, assado em pequenas fornadas ao longo do dia e consumido em diferentes contextos. 

A França tem inegavelmente uma forte tradição gastronômica. Dos deliciosos doces franceses, aos pães, à nouvelle cuisine française de muitos chefs famosos, é difícil pensar em uma viagem à França que não inclua comer muito bem.

Foto: Michelle Ziling Ou / Unsplash

Vai um rum cubano?

Da mesma forma que a baguete francesa, a Unesco reconheceu os “conhecimentos dos mestres de produção” do rum leve de Cuba como Patrimônio Imaterial da Humanidade. Produzido desde 1862, esse tipo de rum leve é produzido seguindo práticas passadas de geração em geração de mestres e, segundo a Unesco, é um processo de aprendizagem contínuo. O pedido de inscrição na lista da ONU destacou, inclusive, que há apenas 14 mestres de produção de rum leve atualmente.

Já provou um destilado de ameixa?

Šljivovica – também chamada de slivovitz – é uma espécie de aguardente feita a partir do suco de ameixas azuis. No pedido de inscrição como Patrimônio Cultural Imaterial, o destaque fica pelo preparo que envolve toda a comunidade produtora, do cultivo e colheita, à fermentação por 20 a 30 dias, seguida da destilação e envelhecimento em barris. Além disso, a bebida é consumida em celebrações locais e as práticas de preparo artesanal e consumo, transmitidas entre as gerações.

Pratos para compartilhar

Na Jordânia, há um prato consumido em celebrações chamado Al-Mansaf. Para a Unesco, está relacionado ao modo de vida pastoral. Esse é um prato de carne de bode ou de ovelha cozido em um molho de iogurte com especiarias e servido com arroz e pão ou com bolinhos de trigo em pratos para cinco a sete pessoas. Ainda de acordo com o registro, há um jeito tradicional de comer Al-Mansaf: com a mão direita, mantendo a mão esquerda para trás (mas pode comer com pratos e garfos também). Como muitas culinárias afetivas pelo mundo, as receitas costuma passar de mães e pais para filhas e filhos.

Um pouco de pimenta

Talvez você já tenha provado Harissa. A pasta de pimenta e temperos é encontrada em mercados no Brasil e típica da região do Magreb, no norte da África. O modo tradicional de preparo da Tunísia, bem como a presença no dia a dia do país, foi o que entrou para a lista da Unesco. O condimento – que também pode ser considerado um ingrediente ou um aperitivo – foi levado para a Tunísia durante a ocupação espanhola do século 16. O pedido de inscrição na lista ressalta que essa é uma prática artesanal típica das mulheres, com os momentos de produção sendo eventos de reunião familiar e transmissão de conhecimentos para as crianças, mas que também vem sendo produzida em cooperativas e por aprendizes em restaurantes.

Foto: Pixi0815 / Pixabay

Hábitos alimentares

Um Patrimônio Imaterial pode estar associado a diferentes conceitos – muitos deles ligados à alimentação. Na lista de “produção de alimentos”, por exemplo, estão:

  • – a produção de chá na China;
  • – a tradição de preparo e o costume cerimonial do Café Árabe;
  • – a cultura do Café Turco;
  • – a técnica dos Pizzaiuolo de Nápoles, na Itália;

E muitos mais. Aliás, nas listas da Unesco, tanto nas categorias da baguete francesa, quanto nas do rum cubano, está o conceito de “hábitos alimentares”. Fiquei encantada lendo sobre os diferentes Patrimônios Imateriais ligados à alimentação! Considero essa uma das expressões culturais mais interessantes de se observar em uma viagem. Das práticas de hospitalidade aos temperos, muito de uma cultura está presente nos hábitos alimentares.

Patrimônios Imateriais Brasileiros

O Brasil tem nove entradas na lista de Patrimônios Culturais da Unesco. O mais recente a ser incluído foi o Complexo Cultural de Bumba meu boi do Maranhão, em 2019.

Antes disso, já estavam na lista: a Roda de Capoeira; o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, de Belém do Pará; o Frevo do Carnaval de Recife; a arte Kusiwa, dos povos indígenas Wajãpi, do Amapá; o Samba de Roda do Recôncavo Baiano; o Museu Vivo do Fandango (um projeto de pesquisa e preservação do Fandango Caiçara); o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial do Iphan, de apoio às iniciativas de proteção e promoção do Patrimônio Cultural Brasileiro; e o Ritual Yaokwa do Povo Indígena Enawene Nawe – esse último, na lista chamada “Patrimônio Cultural Imaterial que Requer Medidas Urgentes de Salvaguarda”.