Em 2013, eu realizei um desejo de viagem e descobri uma paixão: viajar de trem. E não, viajões, minha primeira experiência ferroviária não foi na Europa, e sim, nos Estados Unidos. Pegamos o Amtrak de Washington, DC (onde estava muito calor) para Nova York (onde estava um belo temporal). E eu vi tanta vantagem que, agora, esse é meu modo favorito de transporte em viagem.

Uma das melhores coisas é a praticidade, se comparado a um avião. Não precisa chegar com tanta antecedência, nem despachar malas (mesmo se forem aquelas de 32 quilos) e, na minha opinião, as poltronas são mais confortáveis. Entre as desvantagens estão a restrição de rotas (já que nem todo lugar tem transporte ferroviário e nem todo trajeto é viável) e de horários. E pode parecer um pouco confuso até você se acostumar. Por isso, separei cinco dicas para tornar sua viagem de trem mais tranquila.

Dica 1: Atenção ao horário do trem

As estações de trem costumam ser bem mais “diretas” do que um aeroporto. Nos EUA, todas as vezes que peguei trem, tinha barreiras de acesso às plataformas e alguém checando o bilhete pra acessar essa área. Já na Europa, todas as vezes, o acesso à plataforma era livre. Só chegar e embarcar. Por isso, não precisa chegar com muitas horas de antecedência, como a gente costuma fazer para voos. Mas também, não chegue em cima da hora. Vai que a plataforma mudou? Ou que a estação está um caos, porque é um feriado local que você não sabia? E aí, está nevando e os trens estão atrasados e tem até uma equipe de reportagem noticiando o caos? (Fatos reais da minha estadia em Oslo…) Portanto, organize-se para chegar com alguma folga à estação.

Linhas de trem cobertas de neve.

Dica 2: Cheque o trajeto e as baldeações

Para as viagens de trem, existem bilhetes abertos (com embarque e parada indefinidos), mas são muitos comuns as passagens com local de embarque e destino pré-determinados. O que não quer dizer que o trem comece o trajeto ali e que a parada final seja a mesma que você pretende descer. Por isso, muita atenção ao número do trem você precisa pegar – já que ele pode estar marcado com outro destino. Também é importante checar se você precisa trocar de trem no meio do trajeto. Em 2014, comprei uma passagem Edimburgo – Liverpool que indicava uma cidade no meio e eu bem inocente achei que era só uma parada do trem. Não. Eu tinha que trocar de plataforma e correr no chão escorregadio de chuva pra pegar o trem que passaria dali a 5 minutos, ou senão, teria que esperar outros 40. Ou seja: cuidado com baldeações inesperadas.

Dica 3: Lembre de trancar a mala

Como eu disse antes, aqui não tem como despachar a mala. Se for pequena, dá pra colocar no compartimento acima dos assentos. Malas maiores precisam ficar numa área perto das extremidades dos vagões. Por isso, bagagem sempre trancada na hora de viajar de trem. Quando eu estava sozinha, escolhi assentos que fossem nas pontas do vagão, justamente pra poder ficar de olho – mais porque eu não sabia como seria na hora de desembarcar. Lá pelo meu quinto trajeto de trem, já estava mais desencanada. Como sempre, os objetos mais valiosos e meus documentos estavam comigo o tempo todo, na minha nécessaire companheira de todos os trajetos.

Dica 4: Leve seu próprio lanche

É cada vez mais comum as pessoas levarem o próprio lanche em voos, principalmente nos domésticos, já que o serviço de bordo só fica mais enxuto. Mas no aeroporto, não é tudo que passa pelo raio-x. Aí, a gente acaba tendo que comprar algo no portão de embarque ou a bordo do avião mesmo. No trem, não tem essa restrição. Pode levar sua comida de casa, comprar algo no 7-Eleven mercado da rua mesmo, e deixar pra pegar só um café quentinho a bordo, se for o caso. Já cheguei a comprar um lanche no trem e não estava ruim, mas com certeza, foi mais caro do que se eu tivesse me planejado antes. E acho que todo mundo concorda que é bom economizar onde der pra gastar naquilo que importa na viagem.

Um confortável vagão restaurante em direção a Estocolmo…

Dica 5: Não conte com a internet a bordo

Queria poder chover de elogios à internet a bordo do trem, porque só de disponibilizarem wifi, já acho ótimo. Mas confesso que o único lugar que consegui usar bem foi naquele trajeto de 2013, na Amtrak, nos EUA. Na Europa, em geral, o trem tinha internet, mas por algum motivo desconhecido, nunca estava funcionando plenamente. Mesmo quando o fiscal do trem dizia que estava. Enfim, a gente já se acostumou a comprar chips de celular locais e ter nosso pacote de dados à disposição, mas como precaução, imprima o bilhete do trem ou deixe offline, pra evitar chateações. E também deixe em algum lugar que não dependa de internet o endereço do seu próximo hotel e o que mais você ache que possa precisar caso fique sem acesso ao wifi do trem.

Eu realmente adoro viajar de trem e procuro essa opção durante minhas viagens. Inclusive, troquei voos curtos por trajetos de 6 horas na Escandinávia pra poder aproveitar a paisagem (e me estressar menos com aeroportos). Na lista de desejos agora está fazer um desses trajetos deslumbrantes quase mágicos tipo Expresso do Oriente, Flåm Railway ou o Glacier Express. E você, curte viajar de trem? Deixa um comentário com a rota que você mais curtiu fazer de trem, no Brasil ou no exterior!