A primeira vez que pisei na Ásia foi quando desbravei um pedaço do lado asiático de Istambul. Mas a primeira vez que, realmente, me aventurei num país inteiramente asiático foi nas visitas à Coreia do Sul e ao Japão na mesma viagem. Passei três semanas ao todo por lá – e investi em um roteiro de 15 dias apenas pelo Japão.

Ilha de Itsukushima, em Hiroshima
Ilha de Itsukushima, em Hiroshima: um dos pontos altos do país

Passamos por Osaka, Hiroshima, Quioto, Nara, Hakone e Tóquio. O país do Sol Nascente é incrível, e claro que tem muito mais coisa pra conhecer. Por isso, tenho certeza que você vai querer ter ficado mais tempo por lá depois dessas duas semanas, pode apostar.

O que você precisa fazer antes de ir

A primeira coisa antes de começar a planejar seu roteiro de 15 dias pelo Japão é tomar uma decisão importante (e que vai mudar a cara de todas as suas fotos risos): vai querer ir no outono ou na primavera?

Essas duas estações determinam bem como estarão as paisagens por lá. No outono, do fim de setembro a novembro, você vai pegar as folhas das árvores com incríveis tons avermelhados. Na primavera, entre março e abril, tem o Hanami – o belíssimo florescer das cerejeiras (sakuras), que fazem a cor rosa predominar pelas cidades.

Aliás, já mostramos aqui como é o Festival de Cerejeiras em Washington, nos EUA

Por isso, recomendamos que você viaje num desses dois períodos. Mas é claro que ir no inverno, ou no verão, também será uma experiência incrível.

Outono em Osaka, no Japão

P.S.: Eu fui no outono e pirei com as paisagens avermelhadas que encontrei por lá! <3

Emita o visto

O Japão exige visto para a entrada de viajantes brasileiros. Você precisa emiti-lo aqui do Brasil mesmo, antes da viagem, já com as passagens de ida e volta compradas.

Emita a autorização pessoalmente no Consulado ou na Embaixada japonesa da região onde mora. Em São Paulo, por exemplo, o turista tem que fazer o pedido no Consulado Geral do Japão, na Avenida Paulista, às segundas, quartas e sextas, das 9h às 12h.

O Consulado de São Paulo atende viajantes dos estados de SP, MT, MS e parte do Triângulo Mineiro. Se você mora em outro lugar, tem mais informações nesse link de onde pode solicitar seu visto japonês.

A taxa de emissão para uma entrada no Japão custa R$ 111,00. Para duas entradas, R$ 222,00. Os valores são por pessoa e foram atualizados em fevereiro de 2024.

Cruze o país com o JR Pass

Antes de viajar pra curtir o seu roteiro de 15 dias pelo Japão, considere comprar o JR Pass aqui nesse site. Ele nada mais é do que um “passe livre”que permite que você cruze o país a bordo de praticamente todos os trens japoneses (incluindo os famosos e impressionantes shinkansen – os trens-bala, de altíssima velocidade).

Existem diversos tipos de Japan Rail Passes que podem se encaixar no seu roteiro pelo país: de 7, 14 ou 21 dias. Isso significa que, se você comprar o de sete dias, por exemplo, terá sete dias consecutivos – a partir da data de ativação – pra viajar livremente nos trens contemplados pelo benefício.

Por isso, é bom saber que você só deve ativá-lo pela primeira vez lá no Japão no dia que for fazer sua primeira viagem de trem. Se ativar no dia em que chegar, por exemplo, e só for viajar de uma cidade à outra uns três dias depois, vai “perder” esses três dias de passe porque o prazo já estará sendo contado.

Interior de um Shinkansen

O JR Pass não é barato. O de 7 dias custa US$ 352, o de 14 sai por US$ 563 e o de 21 dias, US$ 704 (preços de fevereiro/24). Mas, no fim das contas, pode acabar valendo a pena, porque uma única passagem entre cidades japonesas, de trem-bala, pode custar mais de US$ 200.

Atenção: se optar por comprá-lo, você vai ser obrigado a fazer isso ainda no Brasil, antes de viajar.

Começando o roteiro por Osaka

A terceira cidade mais populosa do Japão fica no centro-sul do país e vai te impressionar porque é moderna, vibrante e um dos principais centros-financeiros japoneses.

Separe três dias inteiros pra conhecer as principais atrações.

Castelo de Osaka

Este é um dos castelos mais famosos – e respeitados – do país. Ali, conheça o museu que conta a história japonesa (tem até uniforme de samurai pra vestir), o deque pra observar a cidade do alto e o lindo parque que fica ao redor do castelo.

Castelo de Osaka

Dontonbori

Este é o principal bairro da cidade e fica junto do rio de mesmo nome. Por ali, em volta do rio, existe uma infinidade de bares e restaurantes. Você vai conseguir provar os principais pratos japoneses (incluindo sushi e sashimi, que não são a comida do dia a dia de lá e custam caro), se impressionar com os prédios modernos e até passear de barco pelo rio Dotonbori.

O bairro é bom pra passear a pé e apreciar o movimento.

Dontonbori, em Osaka

Universal Studios Japão

Eu sempre quis conhecer Hogwarts – o castelo onde Harry Potter e sua galera estudaram – mas, na época, ainda não tinha ido aos parques de Orlando, nos EUA. Só que no Japão, é possível dar um pulinho na escola de magia e bruxaria mais famosa do mundo também, mesmo sendo um trouxa. Pois em Osaka, tem uma “filial” da Universal Studios.

Por conta disso, vale investir um dia, do seu roteiro de 15 dias pelo Japão, nesse lugar se você gostar dessa vibe de “parques temáticos”. É divertido e no mesmíssimo padrão do parque que fica na Florida, com várias atrações iguais, além do incrível castelo de formação dos bruxos.

Tennöji-ku

Este é um bairro moderno, que concentra muitos shoppings, arranha-céus de empresas, inúmeras áreas verdes e parques. Por ali, também fica o primeiro e mais antigo templo budista do Japão: o Shitennö-ji, reconstruído em 1963.

Chegou a hora de Hiroshima

Use dois dias inteiros para conhecer a cidade

Esta é uma das cidades japonesas atacadas por uma bomba atômica, em 1945. E vale a sua visita pra entender como a tragédia devastou a cidade e, consequentemente, escancarou a perseverança e a superação do povo japonês. Hiroshima foi completamente reconstruída e impressiona por isso.

Área do Museu Memorial da Paz

No museu, tem objetos e roupas de pessoas atingidas pela bomba e uma imensa maquete da cidade mostrando exatamente onde a bomba caiu e como foi seu efeito devastador. A visita é triste, pesada e um choque de realidade. Mas serve pra não esquecermos o quão trágico foi esse evento.

Nos arredores do museu, ficam monumentos em memória das vítimas (como uma fonte de água que nunca para de jorrar, que serve pra “aliviar a dor” de quem morreu atingido pela bomba). Acredita-se que 140 mil pessoas perderam a vida na explosão somente em Hiroshima – praticamente 60% dos habitantes da época.

Memorial da Paz em Hiroshima

Na região, também fica a Cúpula da Bomba Atômica: é uma construção emblemática, a única original da época que foi mantida após a reconstrução da cidade e serve como um símbolo de paz nos dias de hoje à toda a Humanidade, pra que uma tragédia desse porte jamais aconteça novamente.

Santuário de Itsukushima

O Santuário Xintoísta fica na ilha de Itsukushima. É possível ir até lá de ferryboat, num bate e volta. Pra pegá-lo, basta ir de trem ou bonde, saindo da estação central de Hiroshima até o terminal de Miyajima-Guchi. Dali, sai o ferry até a ilha, num trajeto que demora uns 40 minutos.

Torii em Itsukushima, no Japão

No Santuário, fica o famoso Torii – um imenso portão vermelho que parece construído sobre o mar durante a maré alta. Quando eu fui, a maré estava bem baixa e foi possível chegar bem pertinho dele.

Então, siga para Quioto

Invista quatro dias inteiros nesta cidade

A cidade das gueixas tem várias atrações pra você conhecer. Comece por…

Gion

O bairro mais famoso de Quioto é o distrito histórico das gueixas – vê-las é difícil, mas não impossível, por isso fique atento durante suas caminhadas pelas ruas tranquilas enfeitadas com luminárias vermelhas japonesas.

Gion, em Quioto

Gion tem inúmeros restaurantes, karaokês e casas de chá antigas. Não deixe de passar pelas ruas Minami-Dori e Shijo-Dori, principalmente se for na primavera. Você vai se impressionar com a beleza das cerejeiras.

Palácio Imperial

O lugar já foi residência da família imperial japonesa antes da mudança pra Tóquio. O Palácio fica num parque e é cercado por um muro. Pra visitá-lo, é necessário marcar um horário e fazer uma reserva com antecedência.

Kiyomizu-dera

Esse grande templo budista é uma das principais atrações da cidade. Principalmente no outono ou na primavera, quando as árvores ganham as tão belas cores características de cada estação.

Kiyomizu-dera, em Quioto

Fushimi Inari-Taisha

É nesse templo que fica o famoso túnel com 10 mil portais japoneses alaranjados. Ele fica nos arredores de Quioto, na base do monte Inariyama. Dá pra ir até lá de trem, saindo da estação de Quioto e indo até JR Inari. Depois, basta pegar outro trem até Fushimi-Inari.

Arashiyama

Se tem um lugar tranquilo, esse lugar é Arashiyama. O distrito a oeste de Quioto tem muitos templos, paisagens cortadas por um rio e um imenso bambuzal.

Templo do Pavilhão Dourado

Kinkaku-Ji é um templo coberto de folhas de ouro puro e, no telhado, tem uma estátua de uma fênix chinesa.

Passe uma noite em Nara

Neste roteiro de 15 dias pelo Japão, nós chegamos a Nara no fim da tarde e fomos embora no dia seguinte, logo após o almoço. Foi apenas um ponto de parada rápido pra conhecermos o parque da cidade e o Todai-Ji – um complexo budista que abriga a maior estátua de bronze do mundo do Buda Vairochana.

Além disso tudo, tem uma curiosidade: não se assuste ao andar pela cidade. Você vai encontrar dezenas de cervos andando livremente pra lá e pra cá. Respeite-os, eles só vão se aproximar querendo comida. É muito divertida a interação com eles.

Cervos em Nara, no Japão

Relaxe em Hakone

Nesta cidade, é possível descansar bastante e ver o Monte Fuji de pertinho (se São Pedro colaborar). Hospede-se num ryokan – um hotel tradicional japonês. Por exemplo, você vai poder dormir em futons, no tatame, vestir-se com quimonos tradicionais, tomar banho em banheiros estilo japonês e relaxar em onsens – fontes de águas termais.

Fique dois dias em Hakone

Lago Ashi

Dá pra passear de barco pirata (oi? sim, é isso mesmo risos) pelo lago e, juntamente com isso, apreciar o imponente Monte Fuji.

Lago Ashi em Hakone
O Monte Fuji é aquela montanha coberta de neve ao fundo

Vale de Owakudani

Antes de mais nada, saiba que este lugar é um incrível vale que foi formado por uma erupção vulcânica há três mil anos. Ali, ainda estão ativas fontes de enxofre e termais. Coma os ovos pretos cozidos nessas fontes: a lenda japonesa diz que quem come um deles ganha sete anos de vida.

Mas, se você tiver sorte e o tempo estiver aberto, será possível ter uma incrível vista panorâmica da cidade e do Monte Fuji.

Vale de Owakudani, em Hakone
Quando fomos, estava chovendo. Essa fumaça é o enxofre que exala o tempo todo

Enfim, pra chegar até lá, pegue um teleférico ou um trem na estação Hakone-Yumoto.

Finalize o roteiro de 15 dias pelo Japão na capital, Tóquio

Passe, pelo menos, três dias inteiros na caótica e moderna cidade

Depois de se impressionar com todas as cidades acima, parece que o Japão não tem mais nada a oferecer, né? Mas, lembre-se, ainda falta a borbulhante Tóquio. Por isso, veja algumas das principais atrações.

Shibuya

Primeiramente, vá até este bairro movimentadíssimo, que tem o maior cruzamento de ruas do mundo. Ali, tem muitas lojas, cafés e até a estátua do Hachiko – o fiel cachorro do filme “Sempre ao seu lado”.

Shibuya Crossing
Shibuya Crossing: 5 ruas num só cruzamento e movimento de 3 milhões de pessoas por dia

Tsukiji Market

Já ouviu falar do famoso leilão de peixes, onde um imenso atum pode ser vendido por US$ 200.000? Então, isso acontece bem cedinho no mercado de peixes e frutos do mar de Tóquio. Assista a isso e, depois, tome café da manhã ali mesmo comendo sushis e sashimis fresquinhos.

Akihabara

Este é o bairro dos eletrônicos em Tóquio. Isso significa que você vai encontrar muitas lojas de vários andares pra explorar.

Akihabara, em Tóquio

Ginza

Bairro moderno e luxuoso, logo tem muitas lojas de grife, bons restaurantes e, ao mesmo tempo, uma vida noturna agitada.

Imperial Palace

O Palácio Imperial é a residência oficial da família imperial japonesa, ou seja, atração imperdível.

Templo Senso-Ji

Desde já, saiba que este é o mais popular templo budista de Tóquio. Em resumo, é o mais movimentado e mais antigo da cidade.

Templo Senso-ji

Você vai querer voltar

Definitivamente, um roteiro de 15 dias pelo Japão não será suficiente pra você conhecer, de forma completa, um país tão rico culturalmente. Mas já dá pra ter uma boa ideia de como essa ilha é incrível, ainda mais se sua visita for feita no outono ou na primavera, quando as paisagens japonesas conseguem ficar ainda mais incríveis.

Pôr de sol com Monte Fuji, visto de Tóquio
Pôr do sol + Monte Fuji vistos da janela do hotel em Tóquio