Ainda me falta muito do mundo para conhecer. Ao mesmo tempo, já tive o privilégio de visitar muitos lugares incríveis. No meio disso tudo, posso dizer: tenho certeza que jamais esquecerei os dias que passei em Varanasi, na Índia. Depois de passar por outras seis cidades, finalmente chegamos a esta que é considerada a cidade mais sagrada do hinduísmo e, infelizmente, nossa última parada na Índia.

Normalmente faço posts por aqui dividindo o roteiro que fizemos, os pontos que visitamos. Mas não farei isso hoje. Ao menos não da forma tradicional. Varanasi é diferente de tudo que já vi, ela merece um post um pouquinho diferente também.

Importe saber: há uma infinidade de deuses e divindades importantes no hinduísmo. Mas há três que formam a trindade divina hindu. Brama é o primeiro deus, a força criadora do universo. Vishnu é o deus responsável pela manutenção do universo. Por fim Shiva, que é o destruidor, o responsável pela renovação e transformação de todas as coisas. 

Varanasi, a cidade sagrada

Não se sabe exatamente quando Varanasi foi fundada – há hipóteses que dizem que foi há cinco mil anos, há outras que dizem que foi há três mil anos. Dizem as escrituras hindus que foi Shiva que a fundou quando pisou numa das margens do Rio Ganges. Por ser o deus encarregado da transformação, é ali nessas mesmas margens que os hindus cremam seus mortos. 

As margens do rio são divididas em ghats – há prédios, templos e torres nessas margens e as escadarias que saem dessas construções e levam ao rio são chamadas assim. Um desses ghats, o Manikarnika, é o que recebe as cremações. Isso acontece 24 horas horas por dia, sem interrupção. E eles acreditam que se as cinzas de uma pessoa forem jogadas ali, sua alma atinge o nirvana e não precisa mais reencarnar.

As escadarias que dão para as margens do Rio Ganges.

Diz a crença hindu que a chama usada em todas as cremações foi acesa pelo próprio Shiva e perdura até hoje. Eu jamais vi ou senti a fé de um povo como senti lá. Em templo nenhum no mundo. A força da crença deles é impressionante.

Informações práticas

Tão vendo como não tem nada na outra margem? É porque não foi lá que Shiva pisou.

Todas as cerimônias de cremação acontecem ao ar livre, à beira do rio, e é possível chegar a alguns metros para observar. Não tem cheiro nenhum, eles usam uma técnica que envolve manteiga ghee e algumas especiarias para cremar os corpos. Não dá para ver as feições ou corpo de ninguém, eles são enrolados em um tecido branco. Também não é permitido fotografar. Como esse é o local mais sagrado para essa cerimônia, é também bastante caro para as famílias, que precisam comprar a lenha. Por conta disso e também pela fila (muita gente vai para Varanasi apenas para morrer), há um outro ghat em que é realizada a cremação tradicional, como no ocidente.

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Aarti 

E por mais que eu esteja falando de morte, é ali, na beira do rio, que a vida acontece em Varanasi. Tanto que todos os dias, no final da tarde, acontece o Aarti. Essa é uma celebração de adoração ao rio Ganges que inclui música e fogo e os indianos todos se reúnem por ali para celebrar junto. É imperdível! E como tudo na Índia, lotado. Acontece em vários ghats mas o principal é no que se chama Dashashwameh. É sempre às 18h (no inverno) ou 19h (verão) e dura cerca de 45 minutos.

Mãe Ganga

Nós nos referimos ao Ganges no masculino, Rio Ganges. Mas na verdade, para os hindus, o Ganges é uma entidade feminina. Isso porque o rio é a representação da deusa Ganga, que foi esposa de Shiva e também considerada uma mãe para os outros deuses. O tempo todo é possível ver os indianos se banhando ali, os barcos circulando.

Uma das experiências mais legais é chegar à beira do rio antes do amanhecer e pegar um barco para um passeio – lembre-se de negociar bastante com os barqueiros antes, faz parte da experiência. A paisagem é incrível.

Se perca

Varanasi é cheia, pulsante, barulhenta, não para nunca. É um labirinto cheio de ruelas, gente, lojas, cores, templos e mercados. É cheia de vacas, é claro. O Google Maps não vai funcionar bem. Nenhum aplicativo de localização vai funcionar bem. Se você pedir ajuda para um indiano para chegar a algum lugar, ele vai te dizer que é muito simples, que vai levar cinco minutos. Provavelmente você vai levar 40.

Honestamente? Não tem problema. Hoje lembro das tantas vezes que nos perdemos tentando encontrar nosso hostel e tenho saudades de observar a vida acontecendo em Varanasi. Nessa cidade, se perder vale mais do que qualquer atração turística. Observe as casas, os rostos, as crianças voltando da escola. Pelas ruelas também dá para ver os corpos sendo levados para a cremação, carregados por membros da família. 

Mais dicas práticas

Nós ficamos duas noites e pouco mais de dois dias inteiros na cidade. Eu considerei que foi tempo suficiente pois Varanasi é uma cidade cansativa energeticamente – ao final da nossa estadia, eu estava exausta. Mas voltaria, com certeza! Chegamos e saímos da cidade de avião mesmo, pois consideramos mais prático. 

Nós ficamos hospedados dentro da parte histórica, ou seja, nas vielas ali próximas aos ghats. Mas tivemos dificuldade em encontrar boas opções de hospedagem nessa área na época. Hoje, já tendo visitado a cidade, eu me hospedaria fora da região histórica sem problemas. Há mais opções de hotéis. Além disso, é simples chegar até o rio de tuktuk, por exemplo. Ah, para terminar, não esqueça de tomar um lassi no Blue Lassi, que é tradicional e muito divertido pois as opções de sabores são quase infinitas.

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