Hoje é Dia de São Patrício, santo padroeiro da Irlanda! E, como diz a mensagem no interior da Guinness Storehouse, todo mundo é um pouco irlandês no dia 17 de março. Eu, com certeza, adoro celebrar essa data. Em parte, porque já passei alguns St. Patrick’s Days me divertindo ao lado de irlandeses. E em parte, porque eu amei os poucos dias que passei na Irlanda uns anos atrás. Embora eu diga que gostaria de voltar para praticamente todos os lugares que já visitei, Dublin tá no alto da lista de destinos a repetir. É uma cidade cheia de história, de monumentos, de museus e de passeios divertidos. E eu ainda nem falei do famoso Temple Bar… Então prepare a roupa verde, a cerveja (se for de cerveja), e bora sonhar com St. Patrick’s Day durante uma viagem para capital irlandesa.

Uma cidade literária

Passeando por Dublin, você vai encontrar várias estátuas de autores irlandeses famosos. Além de ser uma cidade cheia de referências literárias, Dublin é também um dos principais pontos de entrada na Irlanda. O país faz parte da União Europeia e a moeda local é o euro. A cidade é cortada pelo rio Liffey e muitos pontos turísticos ficam nas proximidades dele.

Prédios às margens do rio em Dublin.
Passando pelo rio Liffey a caminho do Temple Bar…

A Irlanda é um país onde chove bastante, então se prepare para passear debaixo de garoas. No verão do hemisfério norte, os dias são mais longos e as temperaturas, mais anenas. Mas também é quando há maior número de turistas. E se só puder ir no inverno, arrume a mala para o frio e bora! Dublin é linda com sol e com chuva.

Na minha viagem a Dublin, o Free Walking Tour foi um excelente ponto de partida para conhecer a cidade, porque é possível aprender sobre muitos lugares durante uma caminhada. Além disso, cabe em qualquer orçamento, porque você contribui com o que puder no final do passeio. Um bom valor é entre 5 e 10 euros por pessoa. Eu não tenho limite de elogios para o guia que nos acompanhou no dia chuvoso, porque ele voluntariamente fez uma rota menor (já que não tinha o número mínimo de participantes) para não nos fazer perder o passeio. E depois, ainda sentou com a gente num pub e deu várias dicas de lugares a conhecer. Inclusive a St. Michan’s Church, que não era tão rota na época – e que eu comento mais abaixo.

Histórias imperdíveis

São muitos destinos históricos em Dublin. O Bank of Ireland, a National Gallery, a Catedral Christ Church… e tem alguns passeios que você não deve pular na sua visita à cidade.

Trinity College Dublin

A universidade data do século 16, com vários prédios dos séculos 18 e 19. É possível fazer um tour do campus, mas a maioria dos visitantes vai até o local por causa da Old Library, a biblioteca centenária com mais de 200 mil livros. Uma das estrelas da biblioteca é o Book of Kells, um manuscrito do ano 800 d.C. lindamente ilustrado. O ingresso custa 16 euros (março/2021).

Corredor principal da biblioteca com dois andares de livros.
Ainda bem que não pode ficar olhando livro a livro, porque senão, passaria todos os meus dias em Dublin nessa biblioteca.

Kilmainham Gaol

Essa prisão funcionou entre 1796 e 1924 e foi onde ficaram presos alguns líderes políticos e militares da história da Irlanda das diferentes rebeliões no país. É um lugar impressionante e, como não poderia deixar de ser, um pouco incômodo de visitar. Mas, como as muitas prisões transformadas em museus e memoriais (como Alcatraz ou o Memorial da Resistência de São Paulo), tem um valor histórico e educacional importante. É preciso comprar ingresso com hora marcada para o tour.

Área central da antiga prisão em Dublin.

Guinness Storehouse

A Guinness é, provavelmente, uma das cervejas mais famosas no mundo. E, em Dublin, é possível conhecer o processo de fabricação e a história da cerveja, além de aprender uma habilidade muito importante: como servir corretamente um pint de Guinness. A visita é para maiores de 18 anos. Os mais novos precisam estar acompanhados de um adulto e ganham um refrigerante. O tour é com hora marcada e o valor do ingresso depende da data e tipo (entre 15 e 30 euros, março/2021). Esse foi o primeiro “tour por fábrica de bebida” que eu fiz e um dos que iria de novo facilmente.

Ganhei até um certificado pelo meu copo perfeito de Guinness.

Temple Bar

Temple Bar é um bairro de Dublin conhecido pelos bares e restaurantes. E mercados, artistas de rua, música ao vivo… vale caminhar por ali, nem que seja só para ver qual é a do bairro mesmo. Mas se pub crawl for seu estilo, vale a pena explorar o bairro. Ou pedir uma indicação no seu hotel e ir a algum pub ouvir boa música ao vivo, cantar junto e se divertir. Temple Bar também é o nome de um pub famoso por ali.

Dublin Castle

Esse castelo do século 13 pertence ao governo irlandês atualmente. Os aposentos e jardins podem ser visitados e há também exposições e um café no espaço. Entre os tours disponíveis, existe um que leva a escavações de ruínas medievais do passado viking de Dublin. Ingressos custam 12 euros (março/2021).

St. Patrick’s Cathedral

Uma das principais igrejas de Dublin é justamente a de São Patrício. E você não vai deixar de conhecer justamente a catedral em homenagem ao patrono do país, né? Construída entre 1200 e 1260, é a maior catedral da Irlanda. Há visitas guiadas, além das missas e apresentações do centenário coral da igreja.

Portão lateral da Catedral de Saint Patrick, em Dublin.

Fora da rota principal

Como falei, há muito o que fazer em Dublin e, aqui, tentei falar das principais referências para quem gostaria de visitar a cidade. Mas tem dois lugares menos comentados que são interessantes para quem gosta de história (mesmo as mais macabras) e literatura.

Igreja de St. Michan’s

Essa igreja é pequenina e com vários elementos originais dos séculos 17, 18 e 19. Mas um dos principais motivos de visitação dessa igreja é a área de sepultamento que fica abaixo da igreja. Várias famílias influentes da Irlanda, bem como alguns revolucionários e algumas pessoas conhecidas apenas pelas suas características mais míticas como The Crusader – da época das Cruzadas, foram enterradas lá. E, por causa das condições climáticas e dos materiais usados na construção da igreja, esses corpos acabaram sendo mumificados. Há visitas guiadas que, apesar de parecer meio macabras, são historicamente muito interessantes. Em 2019, assaltantes violaram o porão onde ficam as múmias e roubaram o crânio do Crusader, entre outros itens. Sim, acredite. Mas as peças foram recuperadas, felizmente. (tem a notícia com fotos no site da NPR do roubo e no site da Igreja da Irlanda sobre a recuperação, em inglês).

Merrion Square

Perto do Museu Nacional da Irlanda fica um parque rodeado de casas antigas onde já moraram muitas celebridades – entre elas, claro, escritores. Até a década de 1970, era fechado para moradores, mas agora, você pode caminhar e aproveitar um dia ensolarado para visitar a estátua do Oscar Wilde. Ela faz parte do projeto Talking Statues e, ao escanear o código que tem na estátua, você ouve uma história relacionada ao autor. No caso do Oscar Wilde, ela é narrada pelo Andrew Scott (de Fleabag, Sherlock, Modern Love e dos nossos corações). Aproveite para se divertir com os totens de citações do Oscar Wilde ao lado da estátua.

Oscar Wilde sempre esperando na pedra pelos visitantes do parque.

Meios de transporte e onde se hospedar

Do aeroporto de Dublin, você pode pegar um táxi até a região central (entre 25 e 30 euros, de acordo com o site do aeorporto) ou, se preferir algo mais econômico, ir de ônibus. Existe o ônibus municipal e linhas especiais com menos paradas. E se já tiver os planos mais definidos, pode comprar o bilhete de ida e volta e economizar mais uns euros para gastar nos passeios e em compras.

Dentro da cidade

Para circular por Dublin, os modos de transporte são a pé (obviamente, mas vale reforçar, porque certos roteiros são bastante caminháveis), ônibus municipais e o LUAS, que é um sistema de trem de superfície. Existe um “bilhete único” (Leap Visitor Card) que você pode comprar já no aeroporto. Ele permite usar esses diferentes meios de transporte por um período determinado (1, 3 ou 7 dias), inclusive o Airlink (para o aeroporto), e é uma alternativa caso você vá ficar alguns dias na cidade. E tem também os ônibus turísticos, do tipo hop-on hop-off, que podem valer a pena na hora de planejar a rota, porque param perto dos principais pontos turísticos.

Hospedagem

A escolha de onde se hospedar vai depender um pouco do seu estilo. O Temple Bar e seu entorno é bom para passeios, para curtir os pubs, mas também é uma área mais turística e barulhenta. Se preferir algo um pouco mais tranquilo, mas ainda perto de pontos turísticos, pesquise opções no entorno de Grafton Street. As duas regiões são perto da Trinity College, de restaurantes, e de passeios. E vale sempre consultar o hotel ou hostel que você escolher sobre como é a rua à noite. Daí, é só preparar o “sláinte” (como os irlandeses brindam) e curtir a cidade.

Nesse momento, horários de funcionamento e regras de visitação ainda estão mudando muito por causa da pandemia de Covid-19. Por isso, pesquise os locais e informações oficiais da Irlanda antes de fazer qualquer reserva.